sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Diário de viagem

Nada melhor para começar em beleza umas férias românticas do que chegar ao aeroporto e ter o simpático senhor do balcão do check in a informar que o nosso vôo afinal, era ontem.
Nada melhor do que, duas horas e quatrocentos euros depois, ter a senhora da Tap a informar que sim, com jeitinho ainda nos consegue encaixar num voo desse dia, mas que o problema vai ser a volta, já que a TAP, triste como a noite por nós não termos aparecido no dia anterior, decidiu cancelar também os nossos vôos de regresso.
Nada melhor do que chegar ao dito destino romântico, com menos quatrocentos euros na carteira, e com as escolhas alimentares ditadas pelo empobrecimento repentino e ter uma Checa maluca a insultar-nos por termos ousado pedir um cachorro quente.
Nada melhor do que um Guia de Viagens da Texto Editora (comprem, aconselho vivamente!), que nos manda para farmácias góticas que afinal são pastelarias, e para pastelarias que afinal são casas particulares, e cujo mapa é incompreensivel até para os habitantes locais.
Nada melhor ainda, do que ser parados durante dez minutos por agentes de investigação de emigrantes ilegais, de bigodinhos farfalhudos e argolas nas orelhas, que nos levam os documentos sem nada dizer, e regressam com um "no problem" e um sinal irritado de "toca a andar".
Por tudo isto e muito mais, impõe-se agradecimentos: obrigada funcionários do Aeroporto, obrigada Tap, obrigada redactores da texto Editora que estoicamente fizeram um guia da cidade de Praga sem nunca lá ter posto os pés, obrigada Checa malcriada dos cachorros, obrigada agentes da Policia, obrigada a todo o povo checo sem excepção: sem vós, o filme de comédia negra que foi esta viagem nunca teria existido.

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