quinta-feira, 21 de maio de 2009

Não sei se da próxima vez vá antes ao veterinário

Maria vai, acompanhada do gajo da Maria, à ecografia, ver, pela primeira vez o pequeno rebento.
Diz a médica, num assomo de alegria e de loucura "ai que lindo, parece mesmo a minha Vitórinha!".
- "E quem é a Vitórinha?" - perguntamos nós, pais ansiosos por uma comparação grandiosa entre o nosso pequeno feijão e um ser aparentmente tão importante para a senhora doutora.
- "É a minha cadelinha, também costuma pôr-se assim com as patinhas para a frente..."

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Mas como é que eu nunca pensei nisto antes?

Desempregado francês oferece rim em troca de emprego.

sábado, 16 de maio de 2009

Maria vai à escola II

A pequena Maria apresenta-se para o estágio no Centro Novas Oportunidades que lhe foi designado pela Faculdade.
1º Momento Espectacular: chego e peço para falar com a Maria João, pessoa com quem supostamente vou assistir a uma reunião e aprender umas coisas. A colega de sua exa., do alto dos seus aparentes quinze anos, corrige-me diligentemente para "Dra. Maria João".
Faz toda a diferença, eu é que não tinha reparado.
Manda-me entrar porque a senhora doutora ainda não chegou. Simpáticamente diz às colegas que me olham com abutres que sou "uma estagiária" e depois atira-me com um "senta-te para ai, que ela deve estar a chegar".
Começa bem.
Lá me sento num cantinho onde acho que não devo incomodar muito as senhoras doutoras, ocupadas que estão a comer Kit Kats e a mandar bocas cool umas às outras.
Uma delas, mais afoita, aproxima-se de mim com o Kit Kat na mão para pedir para eu mudar de sítio porque precisa de usar aquele computador. Respiro fundo. Por momentos penso em enfiar-lhe um estalo e roubar-lhe o kit kat. Depois decido dar-lhe outra oportunidade. Lá me levanto e vou para outra mesa.
Cinco minutos depois e outra "doutora" pede-me para sair daquela mesa porque tem que usar aquele computador. A hipotese do estalo torna-se mais viva dentro de mim. Começo a ficar, digamos que, nervosa, mas controlo-me e lá vou para outro lado.
2º Momento Espectacular - entra a tal "Dra. Maria João". Informam-na, alto e bom som, da minha presença e de que venho assistir a uma reunião que ela vai coordenar. Encolhe os ombros. Encolhe mesmo. Não olha para mim, não vem falar comigo. Sinto-me num episódio da Betty Feia, com a diferença de que sou ligeiramente mais gira, e de que na minha cabeça só passa um filme: Kit Kat para cima, Kit Kat para baixo, Kit Kat aberto, Kit Kat fechado, Kit Kat na mão, Kit Kat na boca...
3º Momento Espectacular - passaram quarenta minutos desde que cheguei e comecei a dança das cadeiras e a senhora Doutora lá decide começar a reunião. Não me chama. Não me diz nada. Eu continuo ali sentada tipo cão, com a boca aberta à espera de estabelecer contacto visual com alguma daquelas alminhas e a sentir-me invisível. A reunião começa e nada. Se calhar morri e ninguém me avisou.
Respiro fundo pela segunda vez. Dirijo-me à única pessoa que sobrou e informo que, assim de repente acho melhor ir-me embora, visto aparentemente, não interessar muito a ninguém que eu participe na reunião.
A menina-doutora desculpa-se muito, diz que as colegas provavelmente estavam distraidas, para eu entrar assim mesmo. Oh yees sister! É mesmo isso que eu vou fazer...entrar sozinha no covil das lobas sem ser convidada...
A menina-doutora compreende, pede desculpas e informa que talvez eu gostasse de assistir a uma sessão de explicitação (?) com outra menina-doutora que está mesmo a começar.
Eu já estou por tudo.
Encontro-me com a segunda menina-doutora e informo-a da minha intenção. Escandalizada , pergunta quem me mandou ir ter com ela.
Eu sou uma chiba. Não há hipotese. Dou imediatamente o nome da menina-doutora número um.
Agora é a menina-doutora número dois quem respira fundo. Pede-me uns minutos e vai lá abaixo num instante partir a menina-doutora número um ao meio. Por mim tenho tempo, esteja à vontade...até se quiser aproveitar para partir as outras todas....be my guest....
Eu aguardo a sessão de explicitação em rejubilosa esperança, oscilando entre o dever de me manter ali e a vontade de mandar tudo às urtigas e de ir comprar um kit kat.
A menina-doutora número dois lá aparece. Apresenta-se aos alunos, todos com idade acima dos quarenta, como "doutora R.".
Dá-me vontade de rir. A sério que dá. Cada vez mais.
Mais pessoas e menos doutoras, tinhamos todos a ganhar.


sexta-feira, 8 de maio de 2009

Grávida

Blog temporarimente encerrado até a autora conseguir tirar a cabeça de dentro da sanita.

domingo, 26 de abril de 2009

Mais uma do sítio do costume...

Em Espanha também se comemora o 25 de Abril, não é?

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Morte

Enquanto escolhia o fato na loja, o meu amigo L. nunca imaginou que aquele fato era o mesmo que ia vestir, meses depois, ao pai morto.
E foi só disso que ele falou toda a noite, sentado ao lado do pai, que mal se via debaixo daqueles rendilhados todos que é costume colocarem aos que morrem.
Do fato que teve que vestir ao pai morto.
Como se tudo na morte do pai se resumisse a isso.
Não posso imaginar dor igual.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Voltei à escola

E estava tudo igual. Só vi pessoas felizes.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Chuva

Quando eu era pequenina, muito pequenina, gostava destes dias de chuva, porque ficava muitas vezes, em casa da vizinha, a olhar para a ventania que fustigava o quintal lá fora, e o quintal na verdade não era um quintal, mas um mato, uma floresta, com uma dimensão muito para além daquela espaço minúsculo cheio de casotas de cão, de galinheiros, de arbustos e de chão plantado com meia dúzia de cebolas ou batatas, consoante a altura do ano, e a vontade de um senhor velho, muito velho, que a minha avó chamava para ir tratar do quintal.
Quando eu era pequenina, o quintal encerrava todo o meu Mundo. Era dali que eu sonhava conquistá-lo. E eu não via um quintal. Via o Mundo.
Passeava de triciclo no meio dos arbustos, e o meu triciclo era um comboio.
Nadava frequntemente na minha piscina, situada mesmo entre o galinheiro e o poço.
Cozinhava pedras e terra, que sabiam a gomas e chocolates.
Quando eu era pequenina, muito pequenina, esta chuva não me assustava porque tinha sempre para onde correr e podia abrigar-me debaixo das orelhas de um cão grande, muito grande, debaixo das asas de um avião acabado de aterrar, ou debaixo do avental da minha avó.
Quando eu era pequenina era feliz porque sabia que a minha vontade podia tudo. E é nisso que quero acreditar nestes dias de chuva: que ainda posso tudo.
Ainda posso sonhar em mudar o Mundo. Nem que seja o meu. E nem que seja só um bocadinho.
E é por isso que agora está sol na minha rua.



domingo, 12 de abril de 2009

Cama maldita

E a Maria bem pediu. Que não, não podia continuar a dormir naquela cama. Que era muito baixa e fazia doer as costas. Que estava demodé. Que magoava o miúdo nas pernas sempre que este subia e descia. Que tudo o que mais queria na vida era trocar de cama.
Chorou, esperneou, fez beicinho. E teve uma cama nova.
Mas é claro que uma estória na vida da pequena Maria não podia acabar assim. Não podia. Há sempre alguma conspiração cosmica (como diz o gajo da Maria), que faz com que tudo o que pareça certo, esteja errado.
A pequena Maria teve a sua cama nova, é certo. Mas não consegue lá dormir.
Já fez uma caminha no chão da sala, já se agarrou ao sofá, perante o olhar incrédulo do filho, do pai do filho e do gato. É que a cama tem qualquer coisa. Esta enfeitiçada. É o cheiro.
Não se aguenta. Não me perguntem cheiro a quê, porque não sei. Só sei que vou a dobrar o corredor para o quarto e já levo um nó no estômago. Entro no quarto de lenço no nariz. Já pensei comprar uma máscara. Estou desesperada. A cama está a matar-me aos poucos. Devagarinho...
Ainda o outro senhor diz que de manhã é bom é na caminha....só se for na dele...!

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Sou a mãe do Nelito

Catorze meses, dessasseis dentes, um partido. Começa bem.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Quentes e boas

Lá na fábrica hoje:

"...eu por acaso vi quanto é que o cliente ofere, mas não reti a informação..."

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Ora ai está uma pergunta pertinente..

Hoje no Público:

Ex-coordenadora da PJ condenada a sete anos e meio "Contudo, a advogada de defesa, Graciete Pinto e Silva, adiantou que vai recorrer da sentença, argumentando 'por que é que a palavra de 30 inspectores da PJ [que testemunham no julgamento] vale mais do que a palavra de uma coordenadora?'."

domingo, 29 de março de 2009

Domingo à tarde

O meu filho acaba de me entregar, com ar devoto, a capa da "Morgadinha dos Canaviais", devidamente lambida e mastigada. Ontem foram "Os Maias".
Definitivamente não gosta dos clássicos.

quarta-feira, 25 de março de 2009

À vontade do freguês

A pequena Maria decidiu-se a deixar de se queixar e a fazer pela vida. E a mexer-se para mudá-la.
Vai dai, concorreu para técnica de RVCC, mesmo sem ter a segunda licenciatura completa. Definitivamente, para mim, isto já é atravessar no vermelho.
Agora, se faz favor, e como dizia o outro senhor "deixem-me trabalhar".

Amor

Hoje foste ainda mais tu. Outra vez.
Bebeste a água dos gatos. Furaste os olhos à gata. Gritaste. Comeste sabonete e não fizeste bolinhas. Reclamaste do castigo. Roubaste comida. Fugiste para debaixo da mesa. Bateste com a cabeça no chão. Gritaste mais uma vez. Agarraste a vassoura. Comeste as toalhitas woolite. Tiraste as pilhas ao comando da televisão. Perdeste as pilhas do comando da televisão.
E agora olhas para mim, de olhos semi-abertos e boca patética a escorrer baba, com ar de quem pergunta se pode ser útil em mais alguma coisa.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Seguir

Hoje atravessei no vermelho, no mesmo semáforo, na mesma rua.
Não me aconteceu nada.
Pode ser que seja um sinal.

terça-feira, 17 de março de 2009

Parar

Hoje, parada num semáforo à espera do verde para atravessar, apercebi-me desta evidência: há as pessoas que atravessam com o vermelho e as que ficam eternamente à espera do verde. Desgraçadamente, dei-me conta de que pertenço ao segundo tipo.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Sono

Tanto que nem tenho conseguido escrever nada de jeito.

sábado, 7 de março de 2009

Os três porquinhos e a Cinderela

Era uma vez a casinha dos três porquinhos: o porquinho-pai, o porquinho-bébé e o porquinho-gato.

O porquinho-pai, empenhado em dar o exemplo aos outros dois, gostava de guardar a roupa suja junto com a roupa limpa, de chegar a casa e atirar os sapatos para o chão, de deixar as meias sujas em cima da mesa de jantar, e as fraldas do porquinho-bébé em cima da cama, fraldas essas, que Cinderela arrumava de manhã, com um sorriso nos lábios, e sem nada dizer.

O porquinho-bébé, inspirado no exemplo grandioso do porquinho-pai divertia-se a vomitar jactos de leite para sítios estratégicamente escolhidos por serem de difícil acesso e ficarem com um cheiro nauseabundo. Entretinha-se também a mastigar e a deixar depois pequenos pedaços de pão espalhados pela modesta casinha Gondomarense ao melhor estilo Hansel e Gretel.

O porquinho-gato, por sua vez, adorava espalhar o conteúdo da areia higiénica à sua volta, assim como deixar tufos de pêlo pelos cantos a simular o efeito do pó. Adorava também passear os seus dois três quilos de pêlo e patas por cima dos pratos enquanto os outros comiam e tinha o estranho hábito de vomitar em cima de tapetes e sofás.

Um dia, Cinderela, cansada de sonhar com uma casinha limpinha, onde pudesse entrar sem tropeçar nos sapatos do porquinho-pai, nas fraldas sujas do porquinho-bébé, ou nos tufos de pelo do porquinho-gato, soprou com tal força que os sapatos, as meias, os tufos de pêlo, a casa e os três porquinhos foram pelos ares. Não sobrou nada.

Até hoje ninguém sabe o que foi feito dos três porquinhos.

PS- Só para que conste: a continuar assim, a próxima história será " O Pesadelo em Elm Street".

quarta-feira, 4 de março de 2009

Estupidismo iluminado II- The beast strikes again

Estava eu posta em sossego no local de trabalho, minding my own business, quando a chefe me pediu para ver uma formação que tenho andado a preparar. Só por precaução. Não vá eu dar algum erro ortográfico e envergonhar sua exa. que tanto "coidado" tem com o Português...

Já só falta enviar o boletim das notas para o meu encarregado de educação assinar...

Não penso, logo existo

É o lema da fábrica onde eu trabalho.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Estupidismo iluminado

Cena triste I: Maria, no local de trabalho, agarrada a um armário que teima em não abrir. A chefe "en passant", informa que, de ora em diante, o armário passará a estar fechado à chave, pelo que, só ela poderá ter acesso ao seu (agora) valioso conteúdo.

Cena triste II - Maria vai tirar uma informação da internet. Mais uma vez, a chefe, diligentemente, esclarece que, de ora em diante, semelhante tipo de informação só será acedida pela própria. A Maria e os restantes colegas terão que lhe pedir, e esperar que esta lhes passe a informação.

Cena triste III - Chefe envia um mail a toda a equipa a explicar que no ficheiro X, se deverá escrever com letras maiúsculas. Para que não haja dúvidas sobre tão difícil tarefa, envia pequeno texto explicativo sobre todos os passos a dar até a letra aparecer maiúscula (lamento mas é mesmo verdade).

Cenas dos póximos capítulos: a chefe informa que, dado o facto de Maria continuar a insistir em usar espaçamentos de 1,5 nos e-mails, lhe será tirada mais essa competência. A Maria suspira. A chefe reclama que o suspiro de Maria é em dó, quando devia ser em fá menor, porque é obviamente esse o tom dos suspiros superiores. Maria suspira novamente, enquanto tira, calmamente, uma bazuca do bolso das calças ( ou da mochila, se não couber no bolso) e mostra à chefe como se pinta na perfeição uma parede de vermelho.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Nem o amor à Venezuela o safa

José Socrates é o primeiro-ministro mais Português de sempre. Logo, queriam o quê?

sábado, 21 de fevereiro de 2009

À atenção do senhor Cardeal D. Saraiva Martins

Já lá diz a música: " de perto, ninguém é normal".

Casamento

É igual para todos. Eu nunca casei, mas acredito que para quem o faça ou queira fazer seja uma coisa muito importante. Ou não. O que para mim, dá no mesmo. Não me aquece nem arrefece. Não vivo a vida dos outros. E também não admito que ninguém queira viver a minha por mim. É por isso que nestes momentos de elevada discussão, com elementos da igreja referindo-se à homossexualidade como algo que "não é normal" eu dou graças a Deus por não ser homossexual.

Porque não se aguenta. A sério que não. Sobretudo porque, se ninguém se acha no direito de se meter no casamento entre a Maria e o Manel, não percebo porque é que alguém acha que pode opinar sobre o casamento entre o Manel e o José. É que dá no mesmo. Para os outros, dá no mesmo. Não os afecta NADA. A não ser na sua cabecinha miserável de quem quer impor a sua morar aos outros. Quando oiço senhores da igreja na televisão a falar em moral não me dá vontade de rir. Nenhuma. Antes pelo contrário.

Vive e deixa viver, era o que Jesus devia ter dito. Podia ser que assim fosse mais claro.

É oficial

A pequena Maria está de férias. Férias das boas, sem aulas, sem trabalhos, sem empresa estúpida e chefe idiota. Mas, como se tem portado muito mal, a Maria está doentinha. Ácido úrico, diz o senhor doutor. Grande m****, diz a Maria.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Que diabo de Fevereiro tão quentinho

Nem o Dias Loureiro se lembra de um Fevereiro assim.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Curioso

Depois de falar com a simpática funcionária da secretaria da Faculdade hoje, tentando explicar-lhe que um trabalhador-estudante não se pode matricular entra as 9h e as 16h porque está, naturalmente, a trabalhar, percebo os apelos do senhor padre.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Missa

Domingo de manhã tem destas coisas. Estava eu muito deitadinha na minha caminha a fazer zaping, quando, não sei por alma de que santinho parei na missa da tvi a tempo de ouvir o seguinte :


" Rezai senhor pelos funcionários públicos, para que não deêm escândalo e atendam bem as pessoas".


Juro que não estava a sonhar. Até tenho testemunhas.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Não lhe serve de nada

Num semáforo na rua da Constituição, um senhor empunha um cartaz onde diz "tenho fome".
Parada dentro do carro, em empunho outro - "tenho vegonha".

domingo, 8 de fevereiro de 2009

O dilema da folha em branco

Acham que se eu disser à santa da Professora da Faculdade, em cujas aulas nunca pus os pés, que não fiz o trabalho sobre modernidade e pós-modernidade, porque estou há duas horas de boca aberta em frente ao computador sem conseguir escrever uma palavra, ela me dispensa da apresentação?
Pois...
Também me parece...

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

É o progresso, estúpida!

Tinha que ser comigo. Eu podia ter um filho que desenvolvesse uma paixão assolapada por um boneco de peluche. Pelos patinhos da banheira. Por carrinhos telecomandados. Por cubos do Noddy. Por cabeças de Pocoyos. Mas não. Eu não. Eu tenho um filho apaixonado por um telefone fixo da PT.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Ainda há pouco comeu o Gato das Botas

O meu filho devora livros. Literalmente.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

O amor é um lugar estranho

Semana passada, na Prova Oral do Fernando Alvim discutia-se a questão do amor. Do amor romântico. E eu ando a pensar nisso desde essa altura. Não sei se acredito no amor. Nesse tipo de amor, pelo menos. O amor tenho-que-sentir-e-fazer-isto-porque-é-assim-que-se-faz-quando-se-sente-amor. O amor "faço tudo por ti, porque é assim que faz quem ama, ( mesmo que amanhã deixe de sentir isso e te mande um pontapé bem dado no traseiro). O amor "queremos tanto acreditar que somos felizes que até enjoa". O amor que é constantemente apregoado e vendido a preços de saldo. O amor dos filmes e das novelas. Não, definitivamente não acredito. O amor romantico é uma ficção. Uma construção social. Uma droga dura que nos engana a todos. Não existe.

Existe a paixão, esse estado ora eufórico ora letárgico em que mergulhamos quando queremos sugar a outra pessoa até ao tutano. Comê-la em colherinhas pequeninas. Fecha-la bem num frasco para não fugir, como diz a música. Tudo o resto não existe da forma como insistimos em vendê-lo. É uma miragem. Apenas uma miragem.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

A propósito da leitura e dos livros

Durante a adolescência, e no inicio da idade adulta repeti muitas vezes a frase de que as pessoas que lêem são mais interessantes. Aliás, do alto da minha toda-poderosa sabedoria dos dezoito anos, disse muitas vezes ser capaz de distinguir perfeitamente, em cinco minutos de conversa uma pessoa que lia, de uma pessoa que não lia. Hoje não estou tão certa disso, felizmente. Aliás, acho que quanto mais os anos passam, menos certezas tenho em relação a tudo. Se calhar é a isso que se chama maturidade.
Pensando bem, nesta altura da minha vida, sobra a certeza de que, enquanto ando perdida com as leituras dos outros, alguém anda a viver a vida por mim.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Afinal o que é que queriam que o Cardeal Patriarca dissesse?

Casai-vos, minhas filhas, com Muçulmanos, que diz que é gente que tem fama de tratar muito bem das mulheres?


domingo, 25 de janeiro de 2009

Vendo vida

Só não vendo o filho, de resto podem levar tudo.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Yes he can

Não. Não pensem que vou reclamar da vida. Que me vou queixar de já ter enviado cento e vinte mil currículos e de ninguém me ter chamado para uma entrevista. De ter reunido com a chefe para a ouvir mandar-me "auferir" o resultado de determinada acção. De ouvir a coleguinha do lado repetir as palavras "dromir" e "adromecer" até à exaustão. De ter o carro avariado nos travões e de não saber como vou pagar o arranjo. De ter um trabalho para fazer sobre modernidade e pós modernidade e não ter a mais pálida ideia por onde começar. Não. Hoje não. Hoje acredito no Messias.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Hoje sinto-me assim

"Já sou quem tu queres que eu seja
tenho emprego e uma vida normal
Mas quando acordo e não sei
quem eu sou, quem me tornei
eu começo a bater mal.."

Deolinda

sábado, 17 de janeiro de 2009

Que será?

O que é que dá andar quatro dias a comer batatas fritas Lays Gourmet, tostas com manteiga da Leitaria da Quinta do Paço e coca-cola fresquinha com sumol de ananás?
Dá numa grande lontra, é no que dá.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Venha fazer jogging a Central Park

É a publicidade da tap a Nova Iorque já pelo menos há dois anos. Agora podem mudar para "Venha dar um mergulho no Hudson". Parece-me mais adequado.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Pede-se

encarecidamente ao marido da chefe que lhe dê seja lá o que for que ela precisa.
Que a leve ás estrelas ou então com força contra uma parede.
Que a ponha com um sorriso na cara ou a esguichar sangue pelos olhos.
Que a trate bem ou deixe mais alguém tratar, pela saúde das sete ou oito almas que tem que levar com o mau humor de sua excelência, dia após dia, hora após hora, minuto atrás de minuto.
Senão, qualquer dia, trato eu disso.
Da parte dos olhos a esguichar sangue, entenda-se.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Coragem

para mudar de vida.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Maria vai ao Hospital

Dor no peito. Forte. Muito forte. Vários dias seguidos, sem explicação. Ligo para a linha Saúde 24. A senhora enfermeira informa-me que o caso pode ser grave e aconselha-me a dirigir ao Hospital da àrea de residência no espaço de uma a quatro horas. O hospital da área de residência é o de Valongo.

Uma urgência hospitalar é, já de si, uma coisa extraordinária, mas uma urgência hospitalar cheia de Gondomarenses é qualquer coisa de nunca visto. É que o Gondomarense é feliz no Hospital. Gosta de lá ir. Gosta do cheiro. Aliás, o bom do Gondomarense leva o seu próprio cheiro de casa para o Hospital para o ver a lutar com aroma a desinfectante. E ganha sempre.

Chego e vou para a triagem. Refiro dores no peito sem mais sintomas e o senhor enfermeiro,que parece saído directamente de um episódio dos Ficheiros Secretos, enfia-me uma bracelete laranja no braço.

Entro na sala de espera. Várias cadeiras vazias e os Gondomarenses em pé a confraternizar. Encostada à parede, uma senhora de olhos encovados com um saco na mão a dizer "lixo tóxico". É a única com aspecto doente. Os outros parecem felizes. Genuinamente felizes. Contam estórias épicas de esperas de oito horas para sacar uma receita de ben-u-ron. Falam de hemorróidas, e de gargantas com pús enquanto abrem o saco, de onde tiram pão com manteiga para dar às crianças. São visitas da casa. Vêm preparadas para tudo.

A minha bracelete laranja causa curiosidade. Ás tantas a senhora do saco do "lixo tóxico" deita-se no chão. Não se vislubra um médico, um enfermeiro ou um auxiliar. A sala de espera acorre em peso para a ajudar. Vão buscar uma maca e deitam-na lá em cima. Aumenta a intensidade dos olhares na minha direcção. Alguém comenta em voz alta que não se percebe como é que uns que estão tão doentes tem a fita amarela, e outros que parecem finos, tem a fita laranja. Acho que a boca é para mim. De repente se calhar já não me sinto tão mal. Penso em ir embora.

Entretanto, lá me chama o senhor doutor. Sinto os olhares de reprovação e quase que desejo ter uma coisa assim para o grave para justificar o diabo da bracelete. O senhor doutor é ucraniano. Não percebo muito do que diz.Está nervosa? Não. Está muito nervosa? Não. Costuma estar nervosa? Não. Está Stressada? Não. Costuma estar stressada? Não. O senhor doutor insiste. Efectivamente começo a ficar um bocadinho nervosa com esta conversa. Ele lá tem pena de mim e manda-me fazer um raio-x.

No Raio X encontro o António Calvário a fazer de enfermeiro. Trata-me por tu. Hesito em tratá-lo por tu também, mas ele pôe fim à conversa para me dizer que " por mim tás despachada, vai lá ter com o Doutor outra vez". Neste momento já tenho dúvidas se alguma vez vou conseguir sair deste hospital. O Hotel Califórnia vem-me à memória vezes sem conta. Se calhar já estou a delirar.

Regresso á sala de espera. Não há nada como um Hospital quentinho e reconfortante. De um lado e do outro do corredor, doentes animados e bem dispostos. As cadeiras vazias. Faz sentido. Quem está doente fica muito melhor em pé.

Regresso ao Senhor Doutor ucraniano. Tenho dificuldades em perceber o que diz, mas juro que o oiço dizer que os meus batimentos cardiacos são "sensuais". Ou então sou eu que já estou dominada pelo espirito de alegria e animação hospitalar e oiço o que quero ouvir. Neste momento tenho duas cabeças e numa delas só toca o "Hotel Califórnia".

Passa hora e meia. O senhor doutor manda-me tomar uma injecção para o ajudar a fazer o "diagnóstico diferencial". Tenho medo de agulhas. Resisto. Ele insiste. Mais vinte minutos à espera de uma enfermeira. Começo a sentir-me muito melhor. Penso em desistir. A música continua a tocar na minha cabeça:" you can chek out any time you want but you can never leave".

Sinto-me a suar. Se calhar o senhor doutor tem razão. O meu mal é stress. E o stress cura-se em casa. Com chá e com miminho. Com músiquinha a tocar. E com a lareira acesa. Fujo. Cá fora o ar puro. Já não me doi nada.

O pequeno Afonso Henriques

deu-me um pontapé no peito e partiu-me uma costela.
Mal posso esperar pela adolescência...