quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Silêncio

Quero dizer-te que o teu silêncio me doi. Nunca me dei bem com os silêncios ensurdecedores. E o teu silêncio é assim. Ensurdecedor, gritante, ameaçador. Rasga-me por dentro, faz-me sentir pequenina. Tudo isto eu já te disse. Vezes e vezes sem conta. E outra vez o silêncio.
Ás vezes chamo-me à atenção. Controlo-me. Vigio-me. Repreendo-me. Digo-me vezes sem conta que não tens que ser igual a mim, sempre pronta para desatar a lingua num turbilhão de palavras. Que sei que me amas, que só me podes amar, embora nessa forma tosca e desinteressada. Mas a verdade, mesmo verdade é que eu não acredito no amor sem esse turbilhão de palavras, mais ou menos sem sentido, sem a cumplicidade dos pequenos nadas, presente nas palavras, ou, ( e aqui sim), na falta delas.
Quero dizer-te que o teu silêncio me doi. Porque é de pedra. È frio, é escuro e é esgotante. E doi mais porque é a medida de todos os dias de tudo o que podiamos ser e não somos.

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