segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Regresso às aulas

Embora já tenha vindo a algumas aulas (escrevo da Faculdade), na semana passada, dou hoje formalmente início ao meu ano lectivo. Perguntam-me muitas vezes porque decidi tirar uma nova licenciatura. Respondo de todas as vezes a mesma coisa: no meu ponto de vista, não tenho licenciatura nenhuma, esta é a primeira. Não possuo competências, nem técnicas nem de talento para exercer o meu primeiro curso. E sobretudo não possuo o requisito essencial: interesse.
Falo daquele interesse que sinto agora, catorze anos depois de ter entrado pela primeira vez numa Faculdade, e que me faz estudar com prazer, sem quase ter a noção de que o estou a fazer. Que me faz conhecer os autores, as ideias e as correntes, não com o sentido de obrigação, mas com a urgência de quem sabe que há tanto que importa e que fica por saber. Não me venham com leis e com decretos, que eu é mais livros. Nem me venham com Códigos Civis, que eu é mais Romances. Falem-me no Gomes Canotilho, que eu falo do Eça.
Dizem-me que estou maluca. Que não tenho noção da realidade, que não vejo as estatísticas, que nem para os "novos" (adoro este argumento) há lugar, quanto mais para quem já passou a casa dos trinta. Que eu nem tenho noção de como tudo é mal pago. E eu aceito tudo. Tudo mesmo. Só não aceito o rame-rame e a tábua rasa em que se transformou a minha vida, porque um dia também decidi "ir na corrente". Só não aceito sepultar-me viva, num dia-a-dia estúpido sem dar um bocadinho de luta. E sou mais feliz assim.

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