sábado, 11 de outubro de 2008

Tesourinho deprimente



Maria - Sr. Professor da Faculdade, posso passar no seu gabinete, no HORÁRIO DE ATENDIMENTO A ALUNOS, para discutirmos o trabalho xpto?

Sr. Professor - Hum...deixe cá ver.....hum....Não. Hoje não posso. Tenho um funeral.

Maria - E amanhã à mesma hora?

Sr. Professor- Amanhã não é dia de atendimento a alunos.

Maria - Pois, mas....

Sr. Professor - Não. Amanhã também não posso. Aliás, não posso a semana toda. Tenho uma conferência para preparar, vou ter que dar aulas de mestrado, e o meu cão vai ser operado à próstata.

Maria - Então para a semana....

Sr. Professor - Para a semana não estou cá. Vou fazer uma palestra ao Brasil. Fico por lá três semanas.

Maria - Bom, depois já estamos quase em Dezembro. Acha que nessa altura...

Sr(a) Professor(a) - Em Dezembro é o Natal.

Maria - Sim, mas podiamos.....

Sr(a) Professor(a) - Natal é férias. No Natal também não.

Maria - Bom. Ficamos com Janeiro. Acha que nessa altura então podemos...

Sr. Professor - Mas você está a brincar comigo? Em Janeiro são as frequências! Não me diga que quer fazer o trabalho mesmo em cima das frequências? É uma irresponsabilidade! Isso não se propõe a um professor.

Maria - Mas então....

Sr Professor - Então já estou atrasado para uma aula. Agora não tenho tempo para falar consigo. Passe pelo meu gabinete, que depois continuamos.

Maria - Mas quando?

O Sr Professor acena ligeiramente com a mão em sinal de assentimento, enquanto se afasta rapidamente pelo corredor.

Agora imagino um cliente do meu Banco, que aparece lá para ser atendido e a que eu respondo que não, que nem pensar, então tem a lata de me ir incomodar quando eu tenho uma pilha de coisas para fazer, e ainda por cima estou preocupada com a queda das acções da bolsa, a crise bancária e o meu possivel despedimento? Já para não falar que o meu bebé vomitou nessa manhã os meus sapatos novos que me custaram os olhos da cara.
A comparação parece exagerada mas não é. Os clientes pagam para ter um bom serviço. Os alunos também. No meu caso concreto pago duplamente: impostos e propinas. Por isso fico revoltada sempre que alguma daquelas almas (salvo honrosas excepções em que a disponibilidade até é demais, como o caso da fantástica professora Teresa M.) tem a lata de me dizer isso. E não disfarço. É que a mim, ao contrário dos senhores professores, ainda não me pagam para eu ter que disfarçar.


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